O pai da medicina ocidental, o médico e filósofo grego Hipócrates, gostava de repetir enquanto cuidava de seus pacientes que "o homem é uma parte integral do cosmo e só a natureza pode tratar seus males".
Com isso, ele queria mostrar que as causas da doença eram naturais - e não punições divinas como se acreditava até então - e lembrar que o equilibrio e a saúde do corpo estão diretam,ente ligados ao ambiente em que vivemos.
A partir do século 17, quando as idéias do filósofo René Descartes começaram a influenciar a ciência, os tratamentos médicos passaram a ver o corpo humano como uma máquina em que cada parte tinha uma função especifica e independente.
A medicina moderna, esquecendo o conselho de Hipocrates, ergueu-se sobre esse pressuposto e ainda está bastante apoiada nele.
A ciência mais que provou a intrínseca relação entre mente e corpo e suas consequências para a saúde humana.
Em alguns paises, como Canadá e França, uma parcela tão grande quanto 70% da população recorre a tratamentos não convencionais de cura.
O uso crescente das técnicas alternativas - seja como opção à medicina ortodoxa, seja como complemento a ela - não determina por si só que elas sejam eficientes.
Na verdade, estudos confiaveis atestando a eficiência de práticas alternativas são rarissímos.
Isso quer dizer que a ciência dá as costas para a medicina alternativa? Talvez.
Mas as duas têm se aproximado nos últimos anos, e hoje admitem a possibilidade de incorporar caracteristicas uma da outra.
As duas tem caractéristicas positivas e negativas.
A ocidental baseia-se em análises e radiografias, mas não aborda o todo orgânico. Já a medicina tradicional chinesa é eficaz na regulação de todo o corpo.
Penso que a combinação das duas medicinas seria perfeita e muito benéfica para as pessoas.
Essa visão de que o corpo é um organismo interligado - e, portanto, não pode ser subdividido em partes independentes - parece ser uma das principais vantagens de muitas técnicas alternativas em relação à ortodoxia médica.
É verdade que, com a verticalização do conhecimento, muitos médicos passaram a ver a doença do paciente e não uma pessoa com uma doença.
Já para a medicina alternativa, essa visão não é novidade.
Não existem doenças e sim doentes.
Ao mesmo tempo, adeptos de práticas alternativas têm incorporado aspectos imprescindiveis da medicina oficial, como a necessidade de apresentar resultados eficientes.
Mas, a grande maioria dos estudos cientificos sobre o assunto é pouco rigorosa. Isso não é a toa. Bons estudos são caros. E dinheiro é um grande problema para homeopatas, cromoterapeutas e afins.
Medicamentos da medicina ortodoxa geralmente são testados sob patrocinio de grandes laboratórios farmacêuticos, interessados em comercializá-los.
Já as técnicas, práticas e remédios menos rentáveis não encontram apoio facilmente.
Enquanto não há pesquisas suficientes, a medicina alternativa se baseia, muitas vezes, nos resultados obtidos no consultório, no tratamento dos pacientes.
E este tipo de controle está muito propenso a falhas de vários tipos.
É importante lembrar que o fato de não existirem pesquisas que garantam a eficiência de um método não comprova que esse método seja ineficiente.
"Falta de evidência não é o mesmo que evidência de falta de resultado".
Ou seja, na maior parte do tempo, a resposta mais honesta à crucial pergunta sobre se as técnicas alternativas funcionam ou não é um redondo "não sei".
É importante frisar que o nome que imprudentemente falamos - medicina alternativa -, não deveria existir, não há medicina alternativa ou medicina complementar.
A medicina é uma só. Ela engloba diferentes métodos, terapias, tratamentos e remédios que se provaram eficientes pelas pesquisas.
Veja o exemplo da acupuntura. A ciência não acredita que sua filosofia esteja correta - nimguém conseguiu verificar a existência de canais de energia correndo pelo corpo. Mesmo assim, testes bem conduzidos provaram para além das dúvidas que as agulhas são eficazes para tratar vários males - por mais que não se entenda como.
Por conta disso, a medicina incorporou a parte da acupuntura cujos resultados foram comprovados.
Hoje as faculdades de medicina ensinam a "espetar agulhas", os hospitais contratam acupunturistas, os conselhos médicos reconhecem e regulamentam a técnica e alguns planos de saúde pagam o tratamento.
A medicina não é um sistema filosófico fechado e imutável, ela é uma área do saber que agrupa as mais eficientes técnicas conhecidas para tratar doenças, e portanto pode incorporar coisas que nasceram fora dela.
Mas devemos ficar atentos para que a absorção de métodos de terapias alternativas pela medicina ortodoxa, não desfigure aspectos terapeuticos que fazem parte de um sistema coerente.
Se usarem apenas a parte de uma tradição de cura que tem explicação cientifica, ignorando a base filosofica, vão usar a terapia de maneira incompleta.
A ciência tem pela frente uma dupla tarefa das mais duras. Por uma lado, há que se entender os reais méritos das terapias alternativas, para que elas deixem de fazer falsas promessas. Por outro lado, ela precisa corrigir seu rumo e retomar o ideal de Hipócrates. E, nesse ponto, algumas técnicas alternativas possam servir de inspiração.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
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